Cor de Saúva
Rodrigo Naranjo
296 páginas
Formato  14X21
Com ilustrações de Jorge Quien
 
Tradução Caio Vinícius silva e Eleonora Frenkel
 
Lançamento 24/09 - UFSC
Envio a partir de 25/09
 
As experiências vividas desde o período colonial e a construção de uma história de pilhagem em nosso continente são revisitadas nos ensaios de Cor de saúva. Neles, Rodrigo Naranjo mostra como as interferências colonialistas afetam a linguagem e, consequentemente, a economia e, inevitavelmente, os corpos. Na azáfama de tomar o “novo” continente, a memória ancestral foi reduzida — muitas vezes dizimada —, gerando a tensão que sustenta o campo político e que, no Chile, se nomeia como color de hormiga: um estado de permanente inquietação.
Naranjo tece um apanhado histórico e entrelaça essas volutas de memória com a poética produtiva da literatura que atravessa seus ensaios. A voracidade do mercado, que fabrica corpos para serem mortos, deixou um rastro residual cuja cor sanguínea permanece viva, fruto da violência dos Estados. Esses resíduos evoluíram para o spam e, deste, para o aparato das big techs e das fake news.
A construção do “grande consumidor” — já abordada em Apartados, também publicado pela Papaterra — deixa, no canteiro de obras da comunidade, uma pilha de escombros. A etimologia adverte: não há refúgio diante da constatação de que resíduo e residência compartilham a mesma raiz, conduzindo-nos a permanecer pasmos enquanto as imagens atravessam nossos olhos — para lembrar uma imagem de Altazor, de Vicente Huidobro.
Naranjo compõe uma sequência anacrônica na qual o espetáculo se reconfigura pelas eras imaginárias da América Latina e resiste aos eventos mais cruéis, como as ditaduras. A mercadoria persiste, consignada — como alertou Walter Benjamin — na “religião sem dogma”, e permanece nas residências como um estranho familiar que mantemos por perto.
Um livro que, junto às imagens de Jorge Quien, interroga as configurações das fronteiras e os impactos políticos sobre corpos e identidades.